Os números da nova edição da Conjuntura de Móveis – estudo publicado com exclusividade pela Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) a partir de levantamento realizado pelo IEMI junto a fontes oficiais de pesquisa – mostram que, apesar de oscilações pontuais na produção, no varejo e nas exportações, o setor de móveis e colchões no Brasil manteve um saldo positivo ao longo de 2024, retornando a níveis pré-pandemia.
Com um novo ano pela frente, as empresas do setor iniciam 2025 com uma perspectiva renovada, mas conscientes dos ajustes necessários tanto na economia e no ambiente de negócios internos quanto na geopolítica internacional para seguirem competitivas em um mercado cada vez mais complexo.
Em novembro de 2024, a produção de móveis e colchões alcançou 40,6 milhões de peças, marcando queda de 7,1% em relação a outubro (que havia sido o melhor mês do ano, com quase 43,8 milhões de unidades fabricadas), mas 7,4% acima do montante produzido em novembro de 2023.
Apesar da retração pontual, portanto, o acumulado de janeiro a novembro registrou alta de 10,0% na comparação com igual período no ano anterior, somando 411,4 milhões de peças produzidas em 11 meses. No acumulado dos últimos 12 meses até novembro de 2024, o avanço chegou a 8,8%.
“Num esforço para contrapor os desafios de mercado, as indústrias moveleiras buscaram modernização, investiram no mix de produtos, em design e na gestão sustentável, assim como fortaleceram sua presença no mercado interno e externo em 2024. Inclusive com mais empresas aderindo aos projetos e ações da Abimóvel nessas frentes”, avalia o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz.
Dessa forma, mesmo com o recuo de 7,3% na receita em novembro (total de R$ 8,1 bilhões no mês), o crescimento acumulado do faturamento entre janeiro e novembro foi de 5,9%.
O consumo aparente de móveis e colchões no mercado brasileiro ficou em 40,2 milhões de peças no penúltimo mês de 2024, retraindo 8,3% ante o mês anterior. Ainda assim, o acumulado de janeiro a novembro mostrou crescimento de 11,4% na comparação anual, enquanto nos últimos 12 meses o índice subiu 10,4%.
A participação dos importados manteve-se em 4,6% no consumo doméstico, indicando que, apesar do avanço nas importações, a demanda interna por móveis e colchões no país segue sendo amplamente atendida pela produção nacional
No comércio exterior, as exportações de móveis e colchões cresceram 17,9% em novembro (US$ 78,9 milhões), mas cederam 10,5% em dezembro (US$ 70,7 milhões). Assim como observado na produção, no entanto, o acumulado do ano (janeiro a dezembro) mostra alta de 3,8% em comparação a 2023.
Já as importações recuaram tanto em novembro (-13,0%) quanto em dezembro (-13,8%), mas fecharam o ano com alta significativa de 27,2% frente a 2023.
Fator que requer não só estratégias por parte das indústrias, mas sobretudo o papel ativo do Estado na criação de políticas direcionadas à preservar o mercado interno, equilibrando a concorrência entre os produtos importados e os fabricados no Brasil.
Medidas como a revisão de tarifas de importação, o combate à subvalorização de produtos importados e o fortalecimento das normas técnicas no cenário nacional – como o que está sendo realizado pela Abimóvel por meio do “Projeto de Normalização de Móveis”, em parceria com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – são alguns exemplos essenciais para proteger a indústria e o comércio local.
Outro ponto favorável é que, se houve retração na produção em novembro, por outro lado, o varejo de móveis registrou um salto no mês, com alta de 25,6% em volume de peças e 25,7% em faturamento comparado a outubro. Foram 39,6 milhões de peças e R$ 12,8 bilhões em vendas no varejo no penúltimo mês do ano.
Entre janeiro e novembro de 2024, as vendas no varejo acumularam altas de 6,1% em volume e 7,3% em receita. Em 12 meses, as elevações são de 5,1% e 6,5%, respectivamente.
Esse impulsionamento reflete o movimento típico de promoções de fim de ano, incluindo a Black Friday, e reforça a importância de uma coordenação eficaz entre produção e comercialização.
Diante deste cenário, o emprego também cresceu entre janeiro e novembro de 2024: +7,5%. Além disso, a importação de máquinas para a fabricação de móveis apresentou alta de 12,1% ao longo do ano (janeiro a dezembro), indicando que as empresas seguem investindo em mão de obra, melhorias de processo e ampliação da capacidade produtiva.
A combinação desses fatores deve orientar as estratégias da indústria nos próximos meses, que segue monitorando também os impactos das políticas tributárias e fiscais, do câmbio e de outros movimentos políticos e econômicos no Brasil e no mundo, que influenciam a confiança do consumidor e a capacidade de produção industrial.
Com um 2024 que, em termos gerais, apresentou certa restabilização no setor, empresas buscam agora solidez e diferenciação, visando não apenas o mercado interno como também a expansão internacional.