A América do Norte permanece como um dos destinos mais relevantes para o setor moveleiro do Brasil. Além dos Estados Unidos, maior parceiro comercial no exterior, o Canadá surge como alternativa estratégica na região, com características que favorecem a ampliação da presença brasileira por lá.
Essa é uma das principais conclusões do “Estudo de Oportunidades – País-Alvo: Canadá”, desenvolvido pelo IEMI com exclusividade para empresas participantes do Projeto Setorial Brazilian Furniture — iniciativa da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
O levantamento detalha o panorama do setor moveleiro no país, identificando tanto os desafios quanto as oportunidades para empresas brasileiras que desejam ar ou ampliar sua presença no mercado canadense.
Em 2023, 46,4% do consumo aparente de móveis e colchões no Canadá foi atendido por importações — um aumento de quase 8 pontos percentuais em comparação com 2019, ano-base de referência do estudo.
Na contramão, porém, encerrando um período de avanços entre 2018 e 2022, as exportações brasileiras de móveis e colchões para o país iniciaram uma trajetória de queda a partir de 2023, que se intensificou ainda mais no ano seguinte.
A retração reflete uma combinação de fatores, como a forte concorrência com grandes fornecedores asiáticos, mas também demonstra possibilidades de crescimento no mercado canadense.
Com população diversa (22% de imigrantes), alto poder aquisitivo e forte consciência ambiental e social, o consumidor canadense valoriza produtos com atributos diferenciados, como origem ética, design autêntico, sustentabilidade e bem-estar. Esse perfil cria espaço para que empresas brasileiras ofereçam soluções que vão além da lógica de preço, priorizando a inovação e a identidade cultural do móvel nacional.
Os dados do estudo indicam que os móveis de madeira para dormitório lideram as exportações brasileiras ao Canadá (50,7% da pauta). Embora o valor médio pago por quilo nas exportações brasileiras (US$ 3,28/kg) ainda esteja abaixo da média geral das importações canadenses (US$ 4,31/kg), segmentos como móveis de madeira para escritório e móveis de metal apontam para oportunidades em nichos específicos de maior valor agregado.
Com um consumo per capita estimado em US$ 76,8 mil e cerca de US$ 4 mil por família destinados à compra de móveis e itens para o lar, o Canadá se apresenta como um mercado maduro, exigente e com elevado potencial para produtos que unam, portanto, inovação, sustentabilidade e identidade. Para as empresas brasileiras dispostas a atuar com planejamento, diferenciação e posicionamento de marca, o país representa não apenas um desafio, mas uma oportunidade real de expansão e consolidação internacional.
O o ao mercado canadense se dá por meio das regras da Cláusula da Nação Mais Favorecida, da OMC (Organização Mundial do Comércio), com tarifas médias de 9,5% aplicadas a móveis e colchões brasileiros. Embora não necessariamente baixas, tais alíquotas não inviabilizam a competitividade das exportações, sobretudo quando os produtos apresentam diferenciais alinhados às exigências do mercado local.