O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) firmou uma parceria para fomentar o manejo florestal comunitário e familiar em sete assentamentos rurais no estado do Ceará.
O Termo de Execução Descentralizada (TED), assinado com a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), prevê a elaboração de planos de Manejo Florestal, qualificação e capacitação das famílias em práticas de manejo sustentável, e auxílio na comercialização de produtos florestais, além de monitoramento dos planos de manejo e a análise de crédito de carbono para futura comercialização.
Serão beneficiadas famílias residentes em assentamentos nos municípios cearenses de Russas, Palhano e Itaiçaba. Miraerto de Amorim Chaves, presidente do assentamento Luiz Carlos, relatou que os assentados estão empolgados e com grandes expectativas diante do projeto: “estamos muito felizes com o plano de manejo que será criado, porque sabemos que vai gerar renda, desenvolver mais nossa comunidade e melhorar a vida da gente aqui na região”. Os trabalhos no assentamento Luiz Carlos foram iniciados na última quinta-feira (20).
Além de beneficiar as comunidades que vivem nos assentamentos, a parceria contribui com a formação de futuros engenheiros florestais.
Os trabalhos são executados por alunos do curso de Engenharia Florestal da UFERSA, sob a orientação do professor Alan Cauê de Holanda. Segundo o professor, é uma oportunidade ímpar de os universitários vivenciarem, na prática, todos os conhecimentos adquiridos em sala de aula: “os alunos terão participação direta nos planejamentos dos inventários florestais, na construção e no acompanhamento dos planos de Manejo Florestal, dentre outras atividades relacionadas”.
Os recursos para o TED somam R$ 600 mil e são oriundos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), gerido pelo Serviço Florestal Brasileiro. Desde que o SFB foi criado (2006), pelo menos 135 assentamentos dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí receberam investimentos dessa natureza.
No Ceará, a vegetação predominante é a Caatinga, onde há forte presença do manejo de lenha, o estado, inclusive, conta com uma legislação que incentiva essa prática de forma sustentável. Por sua vez, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) do Ceará costuma dar agilidade à análise dos planos de manejo florestal, além de trabalhar para inibir o uso da lenha ilegal.
Uma pesquisa de 2018, feita pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o MMA, mostrou que, na época, a extração e comercialização de lenha em toda a Caatinga movimentavam R$ 2 bilhões ao ano, garantindo a manutenção de 35 mil postos de trabalho.
O TED do Serviço Florestal Brasileiro com a UFERSA, firmado em dezembro/2024, terá duração de 3 anos. A Coordenadora-Geral de Bioeconomia Florestal do SFB, Sandra Regina Afonso, explica que o foco dessa parceria é no manejo de uso múltiplo – produtos florestais madeireiros e não madeireiros – e não só de lenha. “O manejo tem, em sua essência, a sustentabilidade, então serve como estratégia de conservação dos biomas. Na caatinga não é diferente”, ressaltou Sandra.
A Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Ceará também apoia a execução dos trabalhos, indicando os assentamentos a serem atendidos.
