Abimóvel debate com Governo Federal desafios e oportunidades do comércio com os EUA

Cadeia florestal acompanha desdobramento do pacote tarifário

A diretoria da Abimóvel participou de encontros estratégicos junto ao Governo Federal. Na segunda-feira (28), o presidente da entidade, Irineu Munhoz, e a diretora-executiva, Cândida Cervieri, reuniram-se com a secretária de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Tatiana Prazeres, e equipe, com o objetivo de estreitar o diálogo em torno de estratégias e oportunidades para o setor moveleiro em relação aos EUA e ao mercado global.

A reunião teve como um dos objetivos a entrega oficial do convite para que Tatiana Prazeres participe como palestrante do 12º Congresso Nacional Moveleiro, que será realizado nos dias 1 e 2 de outubro de 2025, no Campus da Indústria da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em Curitiba (PR).

Também foi debatido o impacto das recentes medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos também estiveram nas discussões. No início de abril, o presidente americano Donald Trump anunciou um novo pacote de tarifas sobre produtos importados, atingindo a produção global em diferentes setores.

A exemplo de outros países da América do Sul, o Brasil, embora não tenha sido um dos principais alvos — com sobretaxa de 10%, menor taxa percentual entre todos os países impactados —, acompanha atentamente os desdobramentos da ação.

Entre os pontos levantados na reunião, discutiu-se a aplicação da Lei da Reciprocidade Comercial aprovada pelo Congresso Nacional e acolhida pela OMC (Organização Mundial do Comércio), que autoriza o Brasil a aplicar tarifas proporcionais a produtos importados dos EUA em resposta às novas taxas. Embora o governo brasileiro adote, a priori, uma postura voltada ao diálogo, a medida está no radar como instrumento de defesa.

Além disso, foi analisado o impacto global da contenção da entrada de produtos chineses no mercado americano, com a imposição de tarifas médias de 145%, que podem chegar a 245% em determinadas categorias. Em 2023, os Estados Unidos importaram um total de US$ 42,3 bilhões em móveis e colchões. Desse montante, US$ 12,4 bilhões (29,2%) vieram da China, segundo principal fornecedor do setor ao país norte-americano, atrás apenas do Vietnã (29,9%).

Apesar de desafiadora, tal dinâmica pode, portanto, abrir espaço para outros fornecedores, como é o caso da indústria de móveis brasileira, que – ao dispor de capacidade e agilidade produtiva, além de certificações ambientais e design original – tem potencial para ampliar sua presença nos Estados Unidos, atualmente o principal destino dos móveis brasileiros, respondendo por 27,6% das exportações do setor no ano ado.

Entre 2019 e 2024, aliás, as exportações brasileiras de móveis e colchões para o país norte-americano totalizaram mais de US$ 1,6 bilhão, representando um crescimento de 104,96% em relação ao acumulado de 2013 a 2018.

Antes da imposição do chamado “tarifaço”, estimava-se um potencial adicional de crescimento de 47,9% para os próximos anos, com exportações de produtos acabados podendo atingir um total de US$ 346,5 milhões ao ano. O governo e a Abimóvel trabalham para entender, a partir de agora, os impactos da nova dinâmica global sobre a atividade.

Por outro lado, o encontro também abordou preocupações quanto à possibilidade de desvio de comércio: a comercialização chinesa travada nos EUA pode buscar outros mercados, gerando nova pressão competitiva no mercado global.

Como medida estratégica, o monitoramento dos riscos e oportunidades para a indústria brasileira está sendo intensificado pelo governo, tanto objetificando identificar rapidamente eventuais fluxos atípicos de importação quanto analisar as movimentações internacionais e seus impactos em grandes setores produtivos.

Para tal, a Abimóvel está colaborando com a revisão e inclusão das NCMs (Nomenclaturas Comuns do Mercosul) correlatas à cadeia moveleira, seus fornecedores e componentes (como madeira, ferragens, espumas, têxteis, painéis, entre outros) nos instrumentos de vigilância oficiais do Governo Federal.

A atualização garante que todas as posições tarifárias sensíveis fiquem cobertas pelo monitoramento e sejam consideradas no planejamento estratégico e levantamento de medidas de defesa.

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